sábado, 19 de abril de 2014

Existe o “bom selvagem”?
Jean-Jacques Rousseau, filósofo francês do Século XVIII afirmava que “as instituições educativas corrompem o homem e tiram-lhe a liberdade”.  Assim, a pessoa para ser de fato livre, seria necessário seguir tão somente a sua natureza e com o encontro consigo mesma, ela atingiria a sua plenitude como ser humano. Isto gerou na época uma busca pelo “bom selvagem”, ou seja, aquele homem incorrupto,  isento de toda e qualquer maldade e cheio de boas ações e excelentes intenções. Muitos ao verem os selvagens dos mundos descobertos ou conquistados pelas potências europeias pensaram estar ali o bem em si mesmo. Algo que deveria a todo custo ser preservado e mantido longe de qualquer tipo de influência da Civilização. Apesar de estudos e convívios com tais pessoas e com o descobrimento que afinal de contas eles não eram tão bons assim, muita gente continuou e ainda continua pensando que “o homem selvagem é imaculado por ser selvagem”. Desta forma, ainda pregam aqui, lá e acolá que “a solução para todos os males é o retorno às selvas”. Por isto andam dizendo que “a preservação das matas é um bem supremo que deve ser defendido a qualquer custo”. É o “espírito ecologista” que pode ser percebido nos discursos ambientalistas de muita gente. Este “espírito” que tem suas raízes no Romantismo, porque Rousseau é um dos “pais” do movimento, tem com certeza muitas verdades. Mas serão suas afirmações todas verdadeiras?
Analisando de uma forma simplificada, podemos perceber que muito do que Rousseau diz não é bem uma verdade, mas sim um conjunto de sofismas que deseja justificar a “liberação geral de todos os instintos humanos”, até mesmo os piores possíveis! Quando ele diz que “instituições educativas corrompem o homem”, ele afirma que a Educação em si é um mal corruptor e que por isto mesmo não deveria existir. Isto está na linha daquela música do conjunto “Pink Floyd”, “The Wall” que diz: “nos não precisamos de Educação” e “professor(a), deixe as crianças em paz!” Assim, o ideal de “liberdade” vai ao encontro da libertinagem, o que pode ser percebido no comportamento leviano de alguns, bem conhecidos por todos! Além disto, não significa que “toda pessoa selvagem ou não, aprende consigo mesmo o que é bom e o que mal”. O aprendizado vem sempre com o exemplo de outros, que pode acontecer com a teoria assimilada ou pelo contraste, ao ver erros e acertos. Assim, é necessário estar em sociedade para aprender. E para viver com outras pessoas, necessitamos de regras de comportamento, que muitas vezes podam-nos e impedem de agir “livremente” de acordo com o nosso bel-prazer!
Desta forma, podemos concluir que o homem não é “concebido sem pecado” e que sempre é bom em todas as suas atitudes, mas pode se tornar cada vez melhor. E isto vem sim com a Educação! É ela que molda a pessoa e a faz cidadã, capaz de conviver em sociedade. É a Educação o agente transformador para edificar a paz e a ordem, tão ansiadas por todos! E então? Temos algo a aprender com os selvagens? Com certeza sim! Até eles nos educam! Eles nos ensinam que viver junto com outras pessoas é melhor que aprender sozinho, seguido seus instintos!