A valorização do professor
Estamos em plena época de eleições e dá para ver que a Educação
é um discurso comum em todos os programas partidários, sem exceção alguma.
Qualquer pessoa que pensa um pouquinho percebe que nos nossos dias só através
da Escola é possível ser alguém. Antigamente o trabalho manual era o mais
importante de tudo. Estudar era algo de poucos privilegiados, ou então daqueles
que tinham uma grande herança a receber e que por isto podiam dar-se ao luxo de
“perder anos” em bancos escolares aprendendo disciplinas aparentemente inúteis,
como matemática, língua portuguesa, língua estrangeira, que podia ser o inglês
ou o francês, ciências e estudos sociais. Uma verdadeira “esnobação” para uma
minoria de privilegiados, que em rodas de amigos, contavam vantagens que tinham
filhos em escolas e que seriam futuros “doutores”. Era uma época que qualquer
diploma classificava o graduado como o mais alto grau de escolaridade.
Percebe-se então que as primeiras faculdades de Direito instituídas no Brasil
Império foram o início de uma grande mudança institucional. O Brasil de antes
daquelas escolas até então vivia numa autêntica “idade das trevas”. Quem queria
estudar deveria ir para a Europa, frequentar os bancos de Coimbra. E o povo só
poderia aprender o conhecimento que recebia dos pais ou, na melhor das hipóteses,
uma educação exercida por padres jesuítas.
Atualmente as coisas mudaram e muito! Pelas estatísticas
vemos que mais de 90% das crianças estão na escola e os cursos superiores estão
cada vez mais acessíveis, bem como os cursos de pós-graduação. Pode-se dizer
que só não estuda quem não quer. Portanto, em matéria quantitativa, a Educação
brasileira está bem melhor! Mas e em matéria qualitativa? Infelizmente não
podemos dizer o mesmo. Os dados estão aí para quem quer ver. No ranking mundial
o nosso país aparece atrás de muitos países desenvolvidos e até mesmo de outros
latino-americanos como a Colômbia e o México. Qual será a causa disto? Não é
somente uma a causa, mas várias. Poderíamos citar, por exemplo, a política do “empurra
pra frente”, que faz com que muitos alunos analfabetos sejam aprovados. Não
deixemos de mencionar a falta de estruturas como boas escolas, bons materiais
didáticos e outros recursos. Mas a meu ver o que mais contribui para termos uma
educação de má qualidade é a pouca valorização do professor! Dados da
OCDE (Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econômico) mostram que os
salários dos professores brasileiros são extremamente baixos quando comparados
a países desenvolvidos. Até mesmo em
países da América Latina como Chile e México, os professores recebem um salário
consideravelmente maior que o brasileiro, 17.770 e 15.556 dólares
respectivamente. Entre os países mapeados pela pesquisa, o Brasil só fica
à frente da Indonésia, onde os professores recebem cerca de 1.560 dólares por
ano. Além disto, podemos
constatar a grande violência nas escolas, que fazem com que a profissão de professor seja de alto risco.
E nenhum professor recebe mais por isto!
E então, senhores
políticos, o que pretendem para melhorar as condições deste país? Querem mesmo
que o Brasil mude? Comece por uma Educação de qualidade e não de propaganda.
Valorize a classe docente pela qual os senhores e todas as pessoas que leem
este artigo e outros passaram! Não se esqueçam de que um país culto é um país
desenvolvido. Monteiro Lobato já dizia que “um país se faz com homens e livros”.
Ora se não há professores, como é que estes homens aprenderão a ler?