sábado, 20 de setembro de 2014

A valorização do professor
Estamos em plena época de eleições e dá para ver que a Educação é um discurso comum em todos os programas partidários, sem exceção alguma. Qualquer pessoa que pensa um pouquinho percebe que nos nossos dias só através da Escola é possível ser alguém. Antigamente o trabalho manual era o mais importante de tudo. Estudar era algo de poucos privilegiados, ou então daqueles que tinham uma grande herança a receber e que por isto podiam dar-se ao luxo de “perder anos” em bancos escolares aprendendo disciplinas aparentemente inúteis, como matemática, língua portuguesa, língua estrangeira, que podia ser o inglês ou o francês, ciências e estudos sociais. Uma verdadeira “esnobação” para uma minoria de privilegiados, que em rodas de amigos, contavam vantagens que tinham filhos em escolas e que seriam futuros “doutores”. Era uma época que qualquer diploma classificava o graduado como o mais alto grau de escolaridade. Percebe-se então que as primeiras faculdades de Direito instituídas no Brasil Império foram o início de uma grande mudança institucional. O Brasil de antes daquelas escolas até então vivia numa autêntica “idade das trevas”. Quem queria estudar deveria ir para a Europa, frequentar os bancos de Coimbra. E o povo só poderia aprender o conhecimento que recebia dos pais ou, na melhor das hipóteses, uma educação exercida por padres jesuítas.
Atualmente as coisas mudaram e muito! Pelas estatísticas vemos que mais de 90% das crianças estão na escola e os cursos superiores estão cada vez mais acessíveis, bem como os cursos de pós-graduação. Pode-se dizer que só não estuda quem não quer. Portanto, em matéria quantitativa, a Educação brasileira está bem melhor! Mas e em matéria qualitativa? Infelizmente não podemos dizer o mesmo. Os dados estão aí para quem quer ver. No ranking mundial o nosso país aparece atrás de muitos países desenvolvidos e até mesmo de outros latino-americanos como a Colômbia e o México. Qual será a causa disto? Não é somente uma a causa, mas várias. Poderíamos citar, por exemplo, a política do “empurra pra frente”, que faz com que muitos alunos analfabetos sejam aprovados. Não deixemos de mencionar a falta de estruturas como boas escolas, bons materiais didáticos e outros recursos. Mas a meu ver o que mais contribui para termos uma educação de má qualidade é a pouca valorização do professor! Dados da OCDE (Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econômico) mostram que os salários dos professores brasileiros são extremamente baixos quando comparados a países desenvolvidos. Até mesmo em países da América Latina como Chile e México, os professores recebem um salário consideravelmente maior que o brasileiro, 17.770 e 15.556 dólares respectivamente. Entre os países mapeados pela pesquisa, o Brasil só fica à frente da Indonésia, onde os professores recebem cerca de 1.560 dólares por ano. Além disto, podemos constatar a grande violência nas escolas, que fazem com  que a profissão de professor seja de alto risco. E nenhum professor recebe mais por isto!
E então, senhores políticos, o que pretendem para melhorar as condições deste país? Querem mesmo que o Brasil mude? Comece por uma Educação de qualidade e não de propaganda. Valorize a classe docente pela qual os senhores e todas as pessoas que leem este artigo e outros passaram! Não se esqueçam de que um país culto é um país desenvolvido. Monteiro Lobato já dizia que “um país se faz com homens e livros”. Ora se não há professores, como é que estes homens aprenderão a ler?