sexta-feira, 14 de março de 2014

Em defesa dos animais
Vi num vídeo divulgado numa rede social, o abate de um leão por alguns caçadores na África. A fera estava sozinha e foi morta a tiros de fuzil com mira telescópica. Foi uma cena cruel e espantosa, porque o animal se debatia, como que lutando pelos últimos instantes de vida. Soube depois que os caçadores eram pessoas ricas dos Estados Unidos, que estavam em férias na busca de algo emocionante... Não sei o que há de fato empolgante estar por trás de uma poderosa arma de fogo, protegido por uma turma bem equipada com toda espécie de fuzis e  pistolas, mas enfim, eles acharam engraçado fazer uma coisa desta natureza. Pensei então no pobre animal que nem viu seus oponentes, uma vez que estavam longe do local onde repousava tranquilamente, quiçá, após uma refeição. Quem tem dinheiro pode fazer o que quiser, quase sem limite algum. Queria era ver algum magnata como aqueles, puxar a cauda de um leão, como fazem os masais, quando pretendem assumir a chefia da tribo. A forte e indignante cena para uma pessoa que como eu, ama os animais, é repetida várias vezes no mundo e atinge outras espécies, frequentemente ameaçadas de extinção.
De fato, pouco ou nada podemos fazer para salvar animais que serão mortos por pessoas que matam somente por esporte. O princípio ambientalista afirma que “devemos pensar globalmente e agir localmente”. Assim, no nosso ambiente podemos sim, fazer algo, que pode ajudar animais indefesos. Por exemplo, evitando o abandono destes ou pelo menos tentar convencer as pessoas que conhecemos a não fazer isso. Sei de muitos casos de gente que não conseguindo mais sustentar o cão que cria, o leva para um lugar longínquo, de modo geral, na zona rural, para soltá-lo, na esperança que ele “se vire” por lá. Com certeza, as possibilidades de sobrevivência de um cão no mato, são mínimas. E isto vale também para gatos e outros animais domésticos criados em casa. No lar, os bichinhos estavam acostumados a receber comida diária e ao perder esta mordomia de um momento para o outro, certamente entram numa situação nova em que a adaptação provavelmente não ocorre e assim não tardam a perecer, muitas vezes com uma agonia lenta e sofrida.

Circula por aí, uma “declaração universal dos direitos dos animais”, parecida com a Declaração dos Direitos Humanos de 1948. Muitos nem sabem de sua existência e outros a praticam mesmo sem a conhecerem. Isto porque muitas vezes, certos bichos têm até mais valor que pessoas... Eu gostaria de dizer aqui, que a meu ver, tal declaração é no mínimo, hilária. Isto porque se afirmarmos que “um animal tem direito à vida e a liberdade”, não poderíamos então comer mais carne de espécie alguma. Nem de peixe! Não poderíamos ter um cão que vigia nossa casa 24/dia, porque o melhor amigo do homem teria um direito ao descanso... Então eu diria que animais não têm direitos de fato. Nós, seres humanos e racionais é que temos o dever de nos portar de forma razoável com os demais seres vivos, com respeito e amor. É certo que qualquer um deles vale menos que uma pessoa. Mas esta pode se desvalorizar quando os trata de forma animalesca!

quinta-feira, 13 de março de 2014

Um ano de papado
Comemoramos um ano de papado de Francisco. Foi um ano de novidades, sem dúvida alguma! Primeiro soubemos da inesperada renúncia do Bento XVI, cujos motivos até o presente ainda não foram totalmente esclarecidos. Não se ouvia falar da renúncia papal há vários séculos! Há muitas cogitações sobre o caso e as teorias conspiratórias fervilham em todos os ambientes, principalmente nas redes sociais. Palpites é que não faltam e a versão “vulgata” é que o papa  Ratzinger fez o que fez por problema de saúde. Ainda assim, dizem as más línguas, que o alemão “não aguentou” a onda de escândalos de várias naturezas, que envolvem várias dioceses. Sendo ele o chefe máximo da Igreja, a acusação-mor é de fraqueza e covardia. Não creio que cabe a nós julgarmos o pontífice por atos que ele não cometeu. Ainda mais que o princípio jurídico de acusação é que, em caso de dúvida, o réu tem sempre a razão.
Trinta dias depois do fato inesperado, da sacada da basílica de S. Pedro, o mundo inteiro assistiu a proclamação do novo papa. Ele era o primeiro em vários adjetivos: latino-americano, argentino, proveniente do hemisfério Sul e adotou um nome até então inexistente para papas, em homenagem ao pobrezinho de Assis. Seu modo de ser encantou muitos que desejavam uma forma mais simples de autoridade eclesiástica. Assim, foi eleito um cardeal que usava transporte público em Buenos Aires, não morava em palácio e comia com pobres da periferia da cidade. Para quem vê filmes (porque hoje só podemos ver isto em registros audiovisuais) com aqueles papas anteriores ao Concílio Vaticano II, que usavam uma cadeira que era carregada por fiéis privilegiados, a sede gestatória, a imagem do papa atual é profundamente contrastante! Com certeza, as atitudes de Francisco despertam muita simpatia e esperança em muitos que querem um aspecto mais democrático para todas as autoridades. Para estas pessoas, ser carregado num trono parece ser desumano e contrário aos princípios da Revolução Francesa, que prega a Igualdade. Além disto, o fato do papa atual usar objetos simples, que não são de ouro, dão uma ideia de como podemos viver sem ostentação e luxo. É bem simbólico o presente que Francisco recebeu de um pároco: um carro Renault Quatro usado, que equivale a um modesto fusquinha no Brasil, para que ele mesmo o dirija pelas ruas de Roma.

Entretanto, não parece que o Papa Francisco irá mudar a doutrina da Igreja sobre assuntos controvertidos. Eu vejo nas internet que muita gente espera uma mudança radical com base em atitudes e frases, muitas vezes tiradas do contexto, do pontífice. Por exemplo, quem espera que o papa aprove o divórcio, com a admissão à comunhão de casais de segunda união, será melhor que mude de ideia. O prefeito para congregação da Doutrina da Fé, cardeal Gerhard Mueller, disse que “as pessoas cujo estado de vida contradiz a indissolubilidade do matrimônio sacramental não podem receber a Eucaristia”. Isto é apenas um sintoma “que nada muda” em relação à doutrina. Pode haver mudança sim, no aspecto pastoral, mas não significa que a Igreja mudará seu parecer sobre estes tipos de assuntos. Uma instituição bimilenar, tem  mais para ensinar do que para receber conselhos.

sábado, 8 de março de 2014

E viva a mulher!
Chegamos ao mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Com certeza é para comemorar. Estamos num tempo em que a mulher ocupa cargos importantes na política mundial. Também podemos constatar hoje, que ela está mais bem empregada e com salários bem melhores do que anos atrás. Tudo isto com certeza é marca do progresso. Além disto, existem leis que garantem a proteção ao membro do sexo feminino contra agressões, assédio e outros tipos de violência.  Mas também há algo que surgiu nestes últimos tempos que faz como que, haja uma perda significativa de todas estas conquistas de anos a fio: É a desvalorização da mulher pela Sociedade. Percebemos que há um certo tipo de pessoas que acham que a mulher é um “objeto”, muitas vezes descartável. Assim, a mulher se tornou artigo de consumo nas revistas masculinas, em que o fator humano está simplesmente ausente. Está ali somente um corpo, mas onde está a alma? O que é do ser humano que posa naquele periódico? Eu tenho a certeza, que ninguém procura imagens de mulheres pagas para posar nessas publicações, com o intuito de amar verdadeiramente a pessoa representada ali! E a “coisa” não para por aí! Infelizmente, nossa Sociedade está inundada de uma contracultura que promove justamente o rebaixamento da mulher nos piores níveis! Desta forma, em várias  músicas, só se valoriza as partes mais prosaicas do corpo feminino e isto é ouvido por todos, nas rádios e TVs deste país. Além disto, se tornou até “elogioso” para algumas, serem chamadas de adjetivos vis como “vadia”, “cachorra”, ou “piriguete” e até mesmo nomes impublicáveis! Onde é que estamos?
O principal papel, que é insubstituível da mulher, é com certeza a maternidade. Não é que eu acho que “elas só servem para ter filhos”, mas ser mãe é algo sublime! E gerar um ser que é feito à imagem e semelhança de Deus é absolutamente singular e até invejável para nós homens! Eu não penso que a igualdade deve ser total, a ponto de inverter os papéis na ordem da geração dos seres humanos, mas considero maravilhoso carregar outra pessoa no seu corpo, para depois dar-lhe a luz. E o melhor de tudo está no aprendizado, que vem depois. Com certeza, todas as nossas mães foram as nossas primeiras mestras. E também foram as enfermeiras. Desta forma, as necessidades básicas de qualquer pessoa, são suprimidas inicialmente pelas nossas genitoras. E quantas vezes, elas são as “heroínas esquecidas”, muitas vezes abandonadas numa casa de idosos... É! A gratidão é uma virtude rara, mas que deve ser praticada por todos!
É por isto que venho aqui dar minha homenagem à mulher. Com as devidas licenças do leitor(a), quero primeiramente, como cristão que eu sou, honrar a “bendita entre as mulheres” (Lc 1, 42), Maria mãe de Jesus, nosso Salvador. Depois minhas honras vão para minha querida mãe, Lucília, a quem devo tanto! E evidentemente para o meu “alter ego”, que é a minha esposa, Rita. Depois vem a minha irmã, Mônica e a minha filhinha, Teresa. E não me esqueço das minhas avós, sobrinha e afilhada, tias, primas, colegas de trabalho, vizinhas, amigas e conhecidas. Acredito que todos têm mulheres na sua vida, que são representadas por estas categorias que mencionei neste meu artigo. E viva a mulher!
Marco Antonio Martins Caldeira


terça-feira, 4 de março de 2014

A paz é o fruto da justiça
Estamos passando por uma época de intranquilidade. Do nosso continente, recebemos notícias de conflitos políticos na Venezuela e de problemas ligados ao crime no Brasil. Da Ásia e África, sabemos que pululam daqui e dali, guerras civis, que parecem intermináveis. E agora a velha Europa se vê novamente na possibilidade de uma guerra, de consequências imprevisíveis. E o mais interessante é que faz neste ano de 2014, o centenário do início do mais sangrento dos conflitos que foi a Guerra Mundial. Pus aqui no singular a palavra “guerra”, porque muitos historiadores consideram a Primeira e a Segunda grande Guerra, como um só evento, separado por duas décadas de trégua. E tem também o bicentenário do fim das guerras napoleônicas, que também modificaram de modo significativo, o rumo da história da humanidade. Para quem é supersticioso, o número que indica este ano, pode então ser assustador! Seria muito triste e temeroso assistir uma repetição de tudo o que aconteceu, com milhões de pessoas mortas, feridas ou tornadas inválidas, com a formação de viúvas e órfãos, além de uma incalculável destruição do patrimônio público e privado e de danos ao ambiente. Em outras palavras, a guerra é indesejável e por isto deve ser evitada. Mas não a qualquer custo! Não podemos ter o espírito de capitulação em caso, por exemplo, de uma invasão estrangeira. Desta forma, o inimigo não pode entrar aqui e ver que não há resistência e assim impor suas regras. É preciso mostrar ao invasor, que quem aqui está, luta pela sua pátria, pela liberdade e pelo bem comum de todos os brasileiros.
Se a guerra é tão ruim, o que é preciso então para ter a paz?  Primeiro, a paz deve começar em cada um de nós, ou seja, em nossos corações. Se estivermos bem conosco, então a paz está plantada. Porém, se há algo que não está bem, seja dentro ou fora de nós, então o conflito se dá! Assim é com as nações. Qualquer situação mal resolvida, pode ser uma semente de guerra no futuro. Um país se resolve invadir o seu vizinho, é porque se sente forte e aposta na fraqueza do oponente. Muitas vezes, uma guerra é a consequência de uma paixão desregrada, ou seja, o líder da nação agressora quer se mostrar como o “tal” e aí pouco se importa com a desgraça alheia. Ele quer somente dizer com o seu ato estúpido, que é o “dono do pedaço” e que por isto deve ter todas as honras e prestígios! Assim foi com os reis antigos e assim  também é com os chefes de governos modernos.  A humanidade parece ser sempre a mesma!
Então, para cultivar a paz, é preciso ter antes de qualquer coisa, o senso da justiça. Mas o que é justiça afinal? O conceito desta virtude é simples: dar a cada um, o que é de direito, ou seja, o que lhe é pertencente. Se alguém tem algo que não é seu, o dono deste algo, mais cedo ou mais tarde o irá reclamar e se não lhe for devolvido por bem, será então à força. Assim é a paz. Um fruto maravilhoso, que deve ser mantido, por todos os seres pensantes. Porque é só com a paz é que podemos ter de verdade, uma civilização!