domingo, 16 de fevereiro de 2014

Arborização urbana

Passamos por um veranico considerável neste início de ano. Boa parte do Brasil sofre com falta de chuvas e na nossa região, a situação é mais crítica ainda com o calorão. De fato, os termômetros acusam temperaturas de pouco mais de 30 graus centígrados, mas a sensação térmica para quem está no Centro na hora do almoço chega aos 40° C. Isto acontece principalmente pela falta de sombra. A parte mais velha de Montes Claros é praticamente destituída de árvores e isto dá um grande desconforto. Podemos constatar o mesmo em muitos bairros da cidade. Parece que ainda vigora o antigo jargão em que se considera “árvore como mato” e que “progresso é sinônimo de desmatamento”. Assim, uma certa antipatia pelo verde, faz com que as áreas residenciais fique apenas um lugar para dormir ou para assistir televisão. Quem quiser “ver mato” tem então que ir a um sítio ou à uma fazenda. A Organização Mundial de Saúde recomenda que cada cidade tenha, no mínimo, 12 m² de área verde para cada habitante. Desta forma, podemos constatar que Montes Claros está muito aquém do desejado. Seguimos assim, com um calor desconfortável e com riscos à saúde. É sabido, por exemplo, que andar debaixo do Sol quente no início da tarde pode trazer complicações cardiovasculares.
Se não podemos vencer o calor, podemos pelo menos tentar amenizar seus efeitos. A solução para uma cidade como a nossa parece estar na parceria da prefeitura com os moradores e as empresas privadas, com o plantio de árvores. Mas vejam bem! Não é só plantar “a torto e a direito” por aí, é que vai resolver todos os problemas da cidade. As vezes, ao plantar uma determinada espécie vegetal, podemos é causar mais problemas que soluções. É o caso da figueira benjamina (Ficus benjamina), que eu vejo em muitas calçadas por onde passo. Estas árvores possuem raízes pivotantes que se espalham por uma grande área e assim causam danos consideráveis nas construções. Já ouvi dizer que a planta de crescimento rápido, “no primeiro ano dá um boa sombra, mas no segundo derruba o seu muro e no ano seguinte, deita abaixo a sua casa”! Tem também o problema das redes de fiação elétrica, que sempre estão em desarmonia com as árvores dos passeios. È preciso então saber escolher a espécie a ser plantada, afim de dar uma boa sombra, um ambiente agradável e para não se arrepender posteriormente. Uma árvore que eu saiba que atende bem estes requisitos, é a murta-de-cheiro (Murraya paniculata) , que além de fornecer uma boa sombra e bom tamanho, dá um agradável perfume de jasmim.
Mas como eu disse, a arborização da cidade tem que passar antes por um processo de conscientização das pessoas da necessidade de ter isto nas ruas. È preciso também a participação dos órgão públicos para estimular o plantio e a manutenção das árvores, à semelhança dos incentivos fiscais, que são dados aos moradores e proprietários de terrenos que constroem muros e fazem as calçadas. Já existem até cidades que têm RPPNs (reserva particular de patrimônio natural) urbanas, ou seja, áreas em que nunca mais serão construídas nada nela. Pode parecer uma loucura, mas é a meu ver, um ato de coragem em defesa da preservação ambiental e por uma melhor qualidade de vida. Tudo o que fazemos contra a Natureza, mais cedo ou mais tarde terá o seu retorno. Assim, o que fazemos de bem para ela, terá também a sua recompensa.

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