Arborização urbana
Passamos por um veranico
considerável neste início de ano. Boa parte do Brasil sofre com falta de chuvas
e na nossa região, a situação é mais crítica ainda com o calorão. De fato, os
termômetros acusam temperaturas de pouco mais de 30 graus centígrados, mas a
sensação térmica para quem está no Centro na hora do almoço chega aos 40° C.
Isto acontece principalmente pela falta de sombra. A parte mais velha de Montes
Claros é praticamente destituída de árvores e isto dá um grande desconforto.
Podemos constatar o mesmo em muitos bairros da cidade. Parece que ainda vigora
o antigo jargão em que se considera “árvore como mato” e que “progresso é
sinônimo de desmatamento”. Assim, uma certa antipatia pelo verde, faz com que
as áreas residenciais fique apenas um lugar para dormir ou para assistir
televisão. Quem quiser “ver mato” tem então que ir a um sítio ou à uma fazenda.
A Organização Mundial de Saúde recomenda que cada cidade tenha, no
mínimo, 12 m² de área verde para cada habitante. Desta forma, podemos constatar
que Montes Claros está muito aquém do desejado. Seguimos assim, com um calor
desconfortável e com riscos à saúde. É sabido, por exemplo, que andar debaixo
do Sol quente no início da tarde pode trazer complicações cardiovasculares.
Se não podemos
vencer o calor, podemos pelo menos tentar amenizar seus efeitos. A solução para
uma cidade como a nossa parece estar na parceria da prefeitura com os moradores
e as empresas privadas, com o plantio de árvores. Mas vejam bem! Não é só
plantar “a torto e a direito” por aí, é que vai resolver todos os problemas da
cidade. As vezes, ao plantar uma determinada espécie vegetal, podemos é causar
mais problemas que soluções. É o caso da figueira benjamina (Ficus benjamina), que eu vejo em muitas
calçadas por onde passo. Estas árvores possuem raízes pivotantes que se
espalham por uma grande área e assim causam danos consideráveis nas
construções. Já ouvi dizer que a planta de crescimento rápido, “no primeiro ano
dá um boa sombra, mas no segundo derruba o seu muro e no ano seguinte, deita
abaixo a sua casa”! Tem também o problema das redes de fiação elétrica, que
sempre estão em desarmonia com as árvores dos passeios. È preciso então saber
escolher a espécie a ser plantada, afim de dar uma boa sombra, um ambiente
agradável e para não se arrepender posteriormente. Uma árvore que eu saiba que
atende bem estes requisitos, é a murta-de-cheiro (Murraya paniculata) , que além de
fornecer uma boa sombra e bom tamanho, dá um agradável perfume de jasmim.
Mas como eu disse,
a arborização da cidade tem que passar antes por um processo de conscientização
das pessoas da necessidade de ter isto nas ruas. È preciso também a
participação dos órgão públicos para estimular o plantio e a manutenção das
árvores, à semelhança dos incentivos fiscais, que são dados aos moradores e
proprietários de terrenos que constroem muros e fazem as calçadas. Já existem até
cidades que têm RPPNs (reserva particular de patrimônio natural) urbanas, ou
seja, áreas em que nunca mais serão construídas nada nela. Pode parecer uma
loucura, mas é a meu ver, um ato de coragem em defesa da preservação ambiental
e por uma melhor qualidade de vida. Tudo o que fazemos contra a Natureza, mais
cedo ou mais tarde terá o seu retorno. Assim, o que fazemos de bem para ela, terá
também a sua recompensa.
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