Função
social das riquezas
Nada acontece por acaso. Assim, não é à toa que eu escrevo este artigo e o leitor o está a ler. Se eu pude
comprar este jornal é porque eu tenho dinheiro, que foi ganho de algum modo.
Isto é o óbvio. Então se tenho dinheiro, ou alguma riqueza é porque ela tem uma
finalidade, que com certeza deve fazer algum bem, caso contrário, seria melhor
que ela não existisse! Desta forma, posso dizer que tudo que há no Universo tem
alguma função. Assim é com as riquezas materiais. Afinal, para que existem
ricos e porque existem pobres? Seria bom se todos, os homens, que são iguais
por natureza, não o fossem também pelos seus bens? Na primeira vista sim. Não é
nada agradável ver casas imensas e de alto luxo, nos bairros nobres, sabendo
que existem muitas pessoas em situação de extrema miséria, que são esquecidas
por aquelas que têm riquezas. Na Sociedade atual, em que se fala tanto de
igualdade social, chega a ser um escândalo existir gente que está sem uma
vida digna! E o pior, é que várias pessoas que têm seus bens, muitas vezes os
conseguiram de forma ilícita! Aqui eu me refiro à corrupção dos políticos desonestos; à
sonegação de impostos por certos comerciantes; ao roubo e a maracutaia de
“espertinhos”, que acreditam que nunca serão punidos de fato. Assim, quando
estes que foram mencionados têm algo, acham que suas riquezas são por si um fim
e não um meio, que deve lhe proporcionar a finalidade real, que é a sua plena felicidade
verdadeira.
Muitas vezes, os tais ricos, que
adquiriram suas riquezas de forma errada, parecem andar de forma antissocial.
Um estudo da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos descobriu que certos
indivíduos das classes mais altas são menos capazes de detectar e responder a
sinais de problemas alheios. Isto faz lembrar o famoso “Tio Patinhas” de Walt
Disney, que é um estereótipo de um ricaço avarento e insensível. O personagem
foi baseado na história “Um Conto de Natal”
de Charles Dickens de 1843. Frequentemente, no dia a dia, podemos ver coisas que
nos fazem pensar que o escritor inglês devia ter suas razões ao escrever o
conto. Podemos perceber isto no trânsito, por exemplo, em que carros luxuosos
não param na faixa de pedestre, ou com algum parente rico, que nega ajuda a
quem necessita. É claro que não quero generalizar e dizer que “ser rico é ser
mau”, mas apenas desejo expressar meu pensamento, coisa que só posso fazer numa
democracia.
Não é errado ter riquezas. Assim
como não é incorreto trabalhar e economizar o seu ganho, para comprar algo que
agrade. A propriedade nada mais é que o salário acumulado, como definiu Leão
XIII na sua encíclica Rerum Novarum.
Assim, se alguém tem algo, é para que usufrua deste algo, com a certeza que ele
não é o fim, mas apenas um meio, que deve ser usado em consideração ao bem
comum de toda a humanidade. Isto é o que chamamos de fim social da propriedade:
nada é só de alguém. Tudo pertence, em última análise, a todos, porque vivemos em sociedade. As coisas que
temos, estão somente provisoriamente no nosso uso. Nenhum féretro tem gavetas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário