Indisciplina e aprendizagem
Percebo
que um dos maiores vícios que as pessoas têm é a intemperança. Muitas vezes
elas vão de um extremo a outro. Assim, uns bebem em demasia bebidas alcoólicas
enquanto outras acham que só tomar um fino licor é um mal em si. Não há,
portanto, um “meio termo” onde se situa a virtude. Na nossa história eu vejo a
mesma coisa. Passamos por um período de um regime militar, onde só de cantar
uma música, com certas palavras, muitas vezes inocentes, já era motivo para a
ação da censura, ou até mesmo a prisão do autor e ou então do cantor! Eu me
lembro bem que na escola onde estudei, a autoridade era algo como que sagrado.
Se um diretor entrava na sala, todos imediatamente se levantavam e o saudavam.
Um ato de indisciplina leve, como por exemplo, espirrar de forma escandalosa,
era punido imediatamente com uma repreensão ou expulsão da sala de aula.
Daquela forma, uma aula poderia correr de forma tranquila para o professor e
para os estudantes que queriam de fato aprender algo. Porque a punição era
somente para quem não desejava estudar e somente bagunçar a classe.
Quanta
diferença em comparação com os nossos dias! Parecem dois mundos! Um da
autoridade que impunha respeito e o outro onde “a imaginação tomou o poder”!
Podemos então verificar que saímos de um período de repressão para uma total
liberação. Ficou assim, proibido proibir qualquer coisa que reprima os
instintos, por mais baixos que eles sejam, ou
piores as consequências que advenham deles! E a escola atual, como é que
ficou? Para responder esta pergunta, basta perguntar numa sala de cursinho de
vestibular, quem ali quer ser um professor da educação básica! Se de uma
centena, alguns poucos querem ser mártires, serão muitos! Isto porque a
profissão de educador se tornou pouquíssimo atraente, não só por causa dos
baixos salários, mas principalmente por causa das precárias condições da
educação! Não falo aqui da infra-estrutura de apoio didático, como salas com
recursos multimídia, laboratórios, ou material de reprografia. Felizmente, dá
para ver que muitas escolas já têm o essencial, que é a lousa, as carteiras, o
giz e as instalações elétricas e hidráulicas. Sem estes elementos mínimos, a
escola não pode ser! Mas o principal de tudo é o professor! É ele quem vai
determinar a aprendizagem e a disciplina. Isto porque estas duas andam sempre
juntas. Não é possível dissociar uma da outra. Então, o que é preciso para um
professor e por consequência a escola se adaptar à nova realidade em que
vivemos? Primeiro, o mestre deve ter de forma satisfatória o domínio de sua
matéria. Se por acaso um aluno qualquer percebe que o docente vacila no
conteúdo, a ameaça de implantação do caos está feita! Para isto então, o
professor deve planejar bem a sua aula e a forma de explanação da mesma para
evitar o desastre. Segundo, as possíveis formas de manifestação de indisciplina
devem ser evitadas com paciência. Então, para uma boa aula, é preciso ter
virtude! Mau humor, rancor, impaciência e qualquer tipo de rabugice, são
absolutamente indesejáveis num professor que
quer passar segurança no que ensina. Desta forma, se um aluno, por
exemplo, resolve cantar ou assobiar no meio de uma explicação, que seja ouvido
até se calar. Ele com certeza faz isto para testar o limite do docente. Se o
professor não perder a pose, ele será o vitorioso nesta pequena batalha!
A
Educação deve ser um trabalho coletivo! Eu vejo, por exemplo, uma manada de
elefantes que sempre ajudam um filhote que tem dificuldades, para seguir em
frente. Sabemos que aqueles animais são bem espertos e têm boa memória. Então
porque não aprender com eles? Se não queremos uma geração de pessoas sem
cultura e uma escola falida, devemos por nossas mãos à obra e nossos espíritos
em guarda para lutar e vencer esta guerra a favor de quem mais precisa: nossas
crianças e jovens.
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